segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Prata da Casa- EDGAR ALVES

Sou Edgar Jorge da Silva Alves, mais conhecido como Edgar Alves. Vim do Rio de Janeiro, mais especificamente, de Copacabana, como todo bom carioca. Minha ultima residência no Brasil, foi na Rua Princesa Isabel 412, casa 18, uma vila ao lado do Teatro Villa Lobos, na boca do Túnel Novo, alí no Leme. Cheguei em New York em novembro de 1990, há 18 anos. Sou casado com a Ana (Alves), há 33 anos.

Nos meus primeiros anos de América, não tive um relacionamento muito próximo com a comunidade brasileira. Conhecia alguns brasileiros mas nunca tive um relacionamento a nível de atividades comunitárias. Naquela época, não havia tantos brasileiros como agora.

A primeira vez que isso aconteceu, ou seja, de me relacionar com brasileiros, no caso a nossa comunidade católica foi, por uma fatalidade da vida, por ocasião da morte do filho de um dentista brasileiro, ambos nossos amigos. Nesta ocasiao, teve uma missa na Igreja Most Precious Blood, aqui em Astoria, e foi assim que eu fiquei sabendo que existia missa em português aqui em Nova Iorque. Até então eu ainda não tinha assistido uma missa em português. Eu e a Ana costumávamos assistir missas em inglês e em espanhol.

Posso dizer que fui apenas para assistir aquela missa, mas aí eu fiquei conhecendo o Padre Checon. Conversamos, e eu disse para ele que eu havia participado de grupos de jovens no Brasil, que eu e a Ana havíamos feito o Curso de Líder Cristão, que nos conhecemos dentro de um grupo de jovens, que eu já tocava nos grupos de igrejas desde os meus quinze anos de idade, e que se ele precisasse de alguém era só me deixar saber.

Foi ai´que ele me apresentou ao Valdemir e a Regininha, que já tocavam no grupo nessa época, e eu comecei a participar com eles, tocando violão. O Valdemir, tocava violão e era o cantor solo. Tinha também a Sueli cantando, e a Marina tocando violão de vez em quando. Essa era a parte musical. No grupo vocal tinha muita gente. O Tião tambem cantava. Mas a maioria era gente que chegava, cantava e nao era muito assíduo. Eram, mais ou menos, umas dez pessoas. E estou aí, até hoje. Já fazem mais de 12 anos. Não, já são 14 ou 15 anos. Desde 1992, ou seja, 16 anos de participação.

No finalzinho da participação do Valdemir eu passei a usar a parte musical da minha vida de igreja e a gente viu que a coisa funcionava. À partir do momento que eu assumi como responsável, o grupo passou a ter uma conscientização musical no sentido de coral. Por essa época, a Gabi (Gabrielle Assunção) começou a participar e foi quando eu comecei a dividir as vozes. Agora, ficou melhor mesmo foi de uns tres anos para cá, quando eu conheci o Ken. Aí eu juntei a minha parte de teoria musical a nível de música e ele entrou com a teoria musical a nível de partitura.

Tanto eu quanto ele, fazemos os arranjos. Como ele tem o conhecimento técnico, fica mais fácil. Eu diria que, depois que nos conhecemos, o grupo passou a cantar como um coral de verdade. Isso pode ser visto, principalmente quando a gente junta os corais para os eventos especiais, tanto em inglês quanto em português, e que a gente faz essa divisão de vozes. Eu diria que, até então, a gente cantava como uma banda, não como um coral.

Eu e o Ken cantamos por prazer e as nossas participações, ou seja, quando tocamos juntos, é algo puramente voluntário. Não existe transação financeira. Agora, se eu não for para a Flórida, partirei para um trabalho, realmente, profissional, com ele. Vamos gravar um CD e o pessoal que canta com a gente vai participar, mas será uma iniciativa totalmente separada da igreja. Aqui e agora, o nosso trabalho à nível musical, é algo totalmente beneficiente, sem vínculo financeiro nenhum.

Já me propuseram pagar uma certa quantia, mas eu disse que não queria. Na ocasião, sugerí que, se quisessem pagar alguma coisa, que pagassem cursos para as meninas que cantam com a gente. Quem paga para a Gabi é a mãe dela, a Ruth, e quem paga para a Stephanie é a mãe dela, a Alexssandra. Elas são meninas jovens e precisam ter um incentivo de uma comunidade que precisa delas. Quando essas meninas crescerem, elas não vão depender da comunidade brasileira para cantar em inglês ou em português. E na hora que um músico do meu calibre ou do Ken ouví-las cantando, ele vai convidá-la para cantar profissionalmente. Elas tem potencial para cantar em qualquer coral. A gente percebe que a Stephanie tem um estilo voltado para o canto em coral, enquanto que a Gabi é mais solista. Ela faz uma coisa dificílima em música, que não é qualquer um que faz, a harmonia musical. Agora, o que acontece é que isso não é muito notado porque eu tenho procurado não individualizar vozes,ou seja, não dar estrelato a quem canta no coral.

Considero a particpação musical dentro de um conceito litúrgico, de uma maneira geral, um show. E porque? Porque toda arte é um show. Agora, existem várias ramificações para um show. O show que nós damos, dentro de um conceito litúrgico, é fazer com que as vozes, e a parte musical consigam tocar o coração de cada um. E às vezes, e eu disse isso numa entrevista em inglês, voce não sabe o que fez voce entrar hoje dentro de uma igreja. Muitas vezes, somente a parte lida nao lhe passa muita coisa, e uma melodia, uma voz mais romântica, mais angelical, consegue lhe tocar de uma forma mais eficiente do que a própria leitura. Voce pode converter ou reverter um processo. Quando voce balança o seu corpo, quando voce fecha os olhos para cantar, o que voce está fazendo é, nada mais, nada menos, do que deixar a música entrar dentro de voce, passando pelos seus dedos ou sua voz. Este é o meu conceito de música.

Nota- O coral está aberto para adultos e criancas que tenham interesse em cantar durante as missas, desde que compareça aos ensaios. Atualmente, o coral ensaia na igreja, aos sábados, de 12:00 pm às 4:30 pm. Para maiores detalhes, favor entrar em contato com o Edgar.

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